terça-feira, 31 de março de 2009

A crítica: sempre mordaz

Este fim-de-semana estive na festa de sete anos do meu sobrinho. Como não levei presente, resolvi compensar o fato compartilhando um pouco do meu talento com o pirralho. "Vou desenhar alguma coisa para você", disse eu, com meu já conhecido ar de humildade magnânima. Devo dizer que o sorriso de contentamento naquele rostinho infantil me fez ver de novo sentido na vida. Finalmente havia encontrado um espírito capaz de apreciar minha obra - e não poderia ser diferente, pensei, afinal é sangue do meu sangue. "O que deseja, pequeno? Uma árvore? Uma casinha? Talvez uma nuvem sorridente..." , perguntei. "Eu quero um desenho do Avatar, do Yu-Gi-Oh e do Ben 10." Não fazia a menor idéia do que ele queria dizer com aqueles nomes, mas logo fui informado que eram super-heróis da nova geração. Diante dessa resposta, digamos, inesperada, resolvi sair pela tangente. Disse a ele que faria algo muito melhor: um super-herói que eu mesmo havia criado. Seus olhinhos faiscaram de curiosidade. Desenhei isto:

O semblante de inocência e candura do guri se evaporou como num passe de mágica. Expliquei que se tratava do Homem-Metrô, um herói com o surpreendente poder de se transformar em metrô. "Não se parece nada com um metrô", disse ele, nada satisfeito. Argumentei que a transformação só acontecia em momentos de fúria, mas foi em vão. "O Lucas da minha classe desenha muito melhor que você. Cadê o meu presente?" Ele já estava ficando nervoso e, para evitar um escândalo maior, dei 50 pratas ao pequeno patife e fui comer cachorro-quente no meu canto. Definitivamente, a nova crítica me faz temer pelo futuro do quadrinho nacional.

sexta-feira, 27 de março de 2009

O maior quadrinista do meu prédio

Acho que posso dizer que sou, com folga, o maior quadrinista do meu prédio. Isso, claro, se não levarmos em conta o síndico, que desenha pra caralho e foi a sensação nas reuniões do condomínio há alguns anos com suas prestações de conta em quadrinhos (muito boas, por sinal) mas logo depois ele ficou tetraplégico, então acho que tecnicamente está fora da disputa - a não ser que comece a desenhar com a boca. Ok, ok. Vou reformular então. Acho que posso dizer tranquilamente que sou o maior quadrinista do meu prédio, dentre aqueles que possuem movimentos nos membros superiores e inferiores. Bom, na verdade tem aquele japinha nerd tomador de nescau do segundo andar, que desenha muito mais que eu. Mas como mangá não é quadrinho, creio que esse também está fora. Reformulando: acho que posso dizer tranquilamente que sou o maior quadrinista do meu prédio, dentre aqueles que possuem movimentos nos membros superiores e inferiores e que desenham quadrinho não-mangá. É, parece que ficou bom. Existem, é verdade, dois caras que dividem o apê comigo e que também desenham melhor que eu, mas como não os considero como pessoas... Bem, o que importa é que está no ar o blog. Aqui você vai conhecer as obras que me levaram ao lugar onde me encontro hoje - sem interpretações literais, por favor. E, para começar, uma história de extremo bom-gosto, que, estranhamente, ninguém quis publicar. Com vocês, a insólita história de...


Zé Aurélio, o Colecionador de Psicopatologias